top of page

A quinta década do sindicato

  • Foto do escritor: WilFran Canaris
    WilFran Canaris
  • 24 de jun.
  • 2 min de leitura

Na década de 70, Ilson Dias havia sido preparado pela ditadura para

derrotar o ex-presidente Valei Lacerda e o núcleo militante ligado ao PCB. Ele dedicou muitas edições do jornal a dar elogios a si próprio.


A longa era Dias foi marcada por escassa mobilização política, mas por um esforço bem sucedido de manter a prática sindical na direção de uma ação ainda mais assistencial. Num movimento paradoxal, gerou a multiplicação no número de

sindicalizações e concluiu o processo de pulverização da organização da categoria no estado.


Também transformou a entidade em uma agência da Previdência Social. À falta de um sistema público de saúde eficiente, o sindicato garantia a parte de seus representados médico e dentista. Mais do que 60% do orçamento anual da entidade era gasto nisso.


Apoiada por facilidades concedidas pelo governo militar no acesso a fontes de financiamento, as gestões de Ilson Dias conseguiram realizar investimentos diversos. Em 78, Dias fez duas inaugurações: da subsede do Sindicato no Estreito, e de uma Kombi, 70% comprada com apoio do Ministério do Trabalho.


Um ano depois, um convênio entre sindicato, Ministério e CEF permitiu a aquisição das salas 61 e 64 do Ed. Tiradentes, a ampliação dos serviços assistenciais, a concessão de bolsas de estudos e a compra do terreno de 97 mil m2 na Vargem Pequena, onde fica até hoje a sede campestre da entidade.


Para fortalecer a integração da categoria e amparar a falta de ação política, o sindicato promovia eventos sociais e esportivos com alguma frequência. A democracia não era a principal característica das gestões de Dias. Muito menos, de seus jornais. Prescindindo do apoio aberto da categoria, Dias preferia evidenciar seus laços com outros atores sociais, bem diferentes dos bancários. A aliança entre a direção do sindicato e qualquer governo era muito evidente.


Durante os anos 70, fragmentou-se a organização dos bancários no estado. O sindicato dos bancários criado em 1935 permaneceu por 24 anos

representando a categoria em SC.


Nos anos 90, os bancários chegariam a ter 20 sindicatos, alguns representando “bases” com menos de 500 trabalhadores. Tirando os municípios que integrariam o sindicato de Balneário Camboriú, esta passou a ser a base do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região.


Para Dias, dividir era fortalecer. Um dos episódios mais críticos das gestões de Dias ocorreu em 1983, quando o governador Esperidião Amin ordenou o corte das gratificações semestrais pagas por 20 anos aos bancários do Besc. As gratificações seriam substituídas por um abono condicionado à melhoria da situação financeira do banco.


O desfecho foi melancólico. A decisão da assembleia sepultou a mobilização da categoria e consumou uma derrota pelos bancários do Besc. Depois, Dias processou o Besc, exigindo a manutenção da gratificação como direito adquirido. Perdeu em primeira instância, na Junta de Conciliação e Julgamento, mas recorreu. Há quem diga que o governo gratificou Dias por impedir a resistência ao corte do direito.

コメント


bottom of page